sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Ganhei coragem para saltar

Imagino-me no 2º andar de um prédio a arder, e não consigo descer devido ao fogo que se propaga. O fumo a espalhar-se e a dificultar a visão do que está a acontecer à minha volta. Tenho que saltar da janela, mesmo sem ver o que me espera. Há alguém para lá do fumo que me está a ver. Diz para eu saltar, que não há problemas e posso confiar. Salto depois de muito hesitar e salvo-me. Houve alguém que me agarrou!
Há alturas da vida em que é preciso saltar. A minha casa (a vida) já ardeu, pressenti a destruição, mas muitas vezes faltou-me a coragem para saltar para fora das experiências que me iam arrastando para a destruição total. Senti o perigo, mas não tive coragem para saltar imediatamente. Muitas vezes não encontrei razão para saltar e não vi nenhum lugar seguro para onde pudesse saltar. Por isso, deixei-me estar e até me fui acostumando a viver com a vida em chamas!
Devido às chamas, começou a aparecer muito fumo, o que me dificultou a visão e até a minha cabeça já tinha começado a deitar fumo por todos os lados. Entrei numa situação de ruptura e não via nenhuma saída. Comecei a entrar em pânico e a gritar, só que ninguém me ouvia, e eu não ouvia ninguém. Confesso que por vezes até ouvia, mas não sabia de onde vinha aquela voz que me convidava a saltar e por isso não saltava, apesar de ter gostado de saltar.
Penso que toda a gente já sentiu a sua vida nesta situação…Temos a casa a arder, mas somos incapazes de apagar as chamas ou então de a abandonar.
Nesta situação, para mim tornou-se urgente saltar para um sítio seguro, um sítio que me fizesse experimentar a paz e a alegria de viver. Um sítio onde me sentisse bem e me realizasse como ser humano. Foi aqui que descobri que no perigo, Deus não me abandona, mas convida-me a saltar para os seus braços e a procurar n´Ele refúgio. Deus não me forçou a saltar, mas, pelo contrário, convidou-me a saltar e permaneceu à espera do meu salto para depois me agarrar.
Mas por que é que não saltei logo? Perguntava-me a mim mesma depois de me ter salvo. Foi o fumo que me impediu de ver…de ver que na situação mais difícil da minha vida esteve sempre presente um Pai de mãos abertas para me agarrar e impedir de cair ao chão.
Quando a vida começa a estar em chamas e a nossa felicidade a correr perigo é altura de saltar, de saltar com confiança, na certeza de que alguém está lá em baixo para nos agarrar e não nos deixar cair. Se não saltarmos, seremos destruídos pelas chamas e a agonia será grande. Se nos queremos salvar, temos de saltar e temos de arranjar coragem para o fazer. Se for necessário, até pode ser preciosa a ajuda de alguém que nos empurre a saltar. Se calhar, na altura não compreendemos por que nos empurraram e até podemos ficar chateados, mas mais tarde compreenderemos que aquele salto era a única solução.
Deixo este conselho a quem ler e ouvir este texto:
Se ainda não saltaste, aconselho que o faças quanto antes, pois as chamas podem provocar queimaduras graves que levam muito tempo a cicatrizar e que quase sempre deixam marcas. Se precisares de saltar, salta, e verás que não vais cair no chão.

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